Furacão com arco-íris

Furacão com arco-íris

Durante a semana, sozinha com as minhas filhas, me sinto no meio de um furacão. São tantas demandas, horários, trabalho e privação de sono, que às vezes só o que vejo é tudo girar. Entre escombros voadores, perco coisas que eu deveria agarrar: compromissos, algum horário, trabalho.

Tento me equilibrar porque só eu posso agarrar essas mãozinhas que precisam de suporte e firmeza para enxergar em meio ao caos semanal. Elas vivem esse furacão comigo e nem sempre consigo transformá-lo na aventura alegre que gostaria que a vida delas fosse.

“As meninas são grudadas na mamãe”, é o que todo mundo vê e diz. É que talvez minhas filhas conhecessem, antes de mim, a força que eu descobri ter. Elas sabem que minhas mãos nunca vão soltá-las, mesmo no mais forte dos ventos, mesmo que eu caia.

Ontem a Nina aprendeu uma música nova na escola, dançamos juntas enquanto a Lucy ria do quão desajeitada eu sou. Hoje a Lucy leu poesia no carro enquanto levávamos a Nina ao médico, me ajudando a distrai-la. Eu, que sigo no olho do furacão, vejo alguns arco-íris no meio dele.


A semana já está na metade e não cumpri um terço da minha lista de tarefas, mas vejo esses pequenos arco-íris lindos insistindo em aparecer, e sei que só quem está aqui dentro é capaz de enxergá-los. Ônus e bônus. Só eu vejo, eu e elas. No nosso dicionário, furacão com arco-íris é sinônimo de família.

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Gisele Moreira

Escritora, mãe, Doutora em Letras, professora universitária e sonhadora profissional.

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